São diversos os
motivos que levam alguém a sair do seu país. Alguns nunca entenderemos completamente,
porque a nossa realidade é felizmente demasiado diferente. Mas para atingir um
mínimo de compreensão é preciso saber a história individual de cada um. Deixo-vos
aqui – de forma muito sucinta – porque é que alguns dos migrantes que participam
no Português para Estrangeiros não têm quase nenhuma perspectiva de regressar.
G. e A. são um
casal sírio na casa dos 60 e uma mão cheia de filhos, já adultos. Os rapazes
estão relocados na europa, mas a muitos milhares de quilómetros, o que
impossibilita um contacto físico. As raparigas estão na Síria, com as
respectivas famílias. Ao todo 5 netos. G. e A. tinham um negócio próprio e, à
partida, algumas economias. Não sabem ler nem escrever. Nem no seu árabe de
origem. Voltar à Síria? “Guerra não. Guerra acabar? (um encolher de ombros)”
J. veio da
Venezuela, via Panamá. Regressar? “Ahora, no. Estai mui coimplicado. Non és
sequer falta di diñero. Es que no hai comida!”
I., B., e G.
Três mulheres nepalesas. 18, 27 e 32 anos. Não são familiares, mas, claro,
entendem-se e interajudam-se nas dúvidas e nas explicações de português. O não
da primeira foi acompanhado por um olhar de pânico. O das segundas de tristeza.
E regressar de férias? “Sim. Mas não ficar. Ficar não.”
E. deixou a Turquia
já com formação académica e alguma estabilidade financeira. Tem o seu negócio
on line e encontra aqui uma liberdade de que não podia disfrutar. Regressar? Apenas
abana a cabeça em sinal de negação. O futuro, mesmo que não seja em Portugal (e
a vontade, agora, não é partir), não será na Turquia.
É claro que
existe também quem pretende regressar. As suas histórias ficarão para daqui a
uns dias.
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