Morder-te o coração, Patrícia Reis

Depois de A Cruz das Almas e Contracorpo me terem conquistado e a construção de A Gramática do Medo me ter intrigado, encetei uma nova incursão pela escrita de Patrícia Reis. No entanto, esta obra não me conquistou. À primeira vista, talvez fosse uma questão de expectativas. Mas creio que é sobretudo uma questão de reminiscências. Esta leitura estava constantemente a remeter-me para a leitura de Fazes-me Falta, de Inês Pedrosa, lido em 2004, e para a época em que essa autora era uma das minhas predileções.
Mas…, e é aqui que entra o mas: eu já não sou a leitora de então e esta narrativa ficou-me aquém. Não pelo estilo escorreito e de fácil leitura que aprecio na Patrícia Reis, mas pela própria narrativa. Uma narrativa que diria claustrofóbica e quase drumondiana: Mara talvez ame Anna, que ama Xavier, que ama Maria, que não ama ninguém. É uma história de amores e paixões não correspondidas ou desencontradas em que as personagens, apesar de viajadas e cosmopolitas, ou talvez por isso mesmo, não são capazes de sair de si próprias. Sobrevivem aos dias num impasse, sempre a viver o que poderia ter sido, caso tivessem sido correspondidos, e sempre a reincidir pela não correspondência.
Aqui e ali uma ou outra observação social ou cultural, uma ou outra descrição relativamente transgressora, mas fica-me pouco. Fica-me a frase limpa, a leitura acessível, algumas imagens bem conseguidas. Mas falta-me uma profundidade inalcançável devidos às características das personagens. Como leitora, actualmente, espero outros alcances.

Editora: dom Quixote | Local: Lisboa | Edição/Ano: 2ª, fev 2007 (2007) | Impressão: Manuel Barbosa e Filhos | Págs.: 156 | Capa: Atelier Henrique Cayate | ISBN: 978-972-20-3268-1 | DL: 253899/07 | Localização: Pax

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