Quais os critérios de avaliação para uma comunidade de leitores?

A melhor avaliação de uma comunidade de leitores não deve ser quantitativa, embora o número de participantes activos seja um indicador do interesse e perentoriedade do mesmo. Se não passamos de 2, 3 participantes temos de nos interrogar: o que está a condicionar a nossa abrangência? Que eventuais alterações devemos implementar? O que não estamos a conseguir atingir com o nosso público-alvo?
Mas há uma avaliação que raramente é devidamente realizada: qual o impacto da Comunidade de leitores na dinâmica do nosso espaço? No caso das bibliotecas, que é a minha área de actuação, o impacto vai para além do momento da reunião. A sugestão mensal de leitura é aproveitada por (muitos) outros leitores, que encontram nesta sugestão uma forma de alargar os seus horizontes de leitura.
Ainda para além da reunião, há a comunicação que se estabelece entre todos os participantes. Uma das potencialidades da mailing list, é a de partilhar informações pertinentes consonantes com as reuniões ou como forma de dar resposta a alguma solicitação dos participantes. Mas esta é também uma das formas destes nos darem outro tipo de retorno. Por exemplo, quando não podem estar presentes – por motivos vários – alguns dos participantes, que não deixam de ler as obras – enviam as suas impressões de leitura, de modo a serem partilhadas à mesma. E se há alguma ausência reiterada, há interesse de todos em saber se está tudo bem ou apenas outros afazeres afastam os participantes das sessões. É a ligação humana que permite que um grupo de leitores, com gostos e percursos por vezes totalmente contrários, se torne realmente uma comunidade.
Já pessoalmente, uma situação que me dá a sensação de validação do meu trabalho, é quando as minhas sugestões – não sem alguns questionamentos, mas sobretudo - são aceitem com curiosidade.

Estas são avaliações empíricas que muitas vezes não transparecem em grelhas de avaliação, que tendem a resumir o nosso trabalho em números. Mas se os números podem, por vezes, não ser os mais atractivos, a relação humana e o impacto do nosso trabalho valem tudo. E se há lema que eu sigo na vida, é: “if you build it, he will come.” Ou seja, se criarmos espaços de partilha, o público virá. 
Jungho Lee

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