sobre contos e romances

Parece-me que a escrita de contos ainda é vista de modo preconceituoso e que a sua não defesa é feita recorrendo à desculpa de, do ponto de vista editorial, é um formato menos vendável. Se escrever um bom romance não é tarefa fácil, escrever um conto também não. E, aliás, o que mais existe são pequenas narrativas que também não são exactamente contos. Aliás, cá pelo burgo há sempre uma certa confusão de formatos e da sua apreciação.
Uma das defesas habitualmente mais recorrente para a leitura de contos é que o seu formato se adequa aos ritmos de vidas urbanos, mais especificamente às viagens de transportes. Poderá ser. Mas, da minha experiência, também são o formato, que lido exactamente nesse contexto, se adequa mais ao esquecimento. Se o seu conteúdo não for suficientemente impactante o seu contexto de leitura só contribui ainda mais para que este se oblive da nossa mente. No meu caso, é o formato do romance, com o seu envolvimento e extensão que me separa do esquecimento total daquilo que leio. Também poderá ser que os contos, como muitas vezes os escrevemos não acrescentam em nada ao nosso percurso leitor. Já ao percurso escritor poderão ser excelente exercicios de síntese e experimentação.
Em suma, o conto não é menor nem substituível. No entanto, como em tudo, há bom e o menos bom. E não necessariamente sem méritos. 

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